PAULO LOPES
Nasceu no Engenho “Bom Sucesso”, Município de Atalaia, Alagoas, Brasil, no dia 17de junho de 1920.
Fez o curso primário na sua terra natal, ingressando em 1934 no Ginásio Santos Dumont, de Maceió, transferindo-se em seguida para o Liceu Alagoano. Em 1939, com a idade de 19 anos, fugiu da casa paterna para Salvador, onde ingressou no Comércio, só regressando a Alagoas em 1949.
Plantou casa na propriedade do pai, depois foi proprietário de uma fábrica de bebidas, funcionário do Fomento Agrícola, e depois exerceu a função de Agente Especial do I.P.A.S.B., na Delegacia de Alagoas.
Colaborava na revista “Caeté”, de Maceió.
Estreou com o livro de poesia “Trinta Poesias e um Conto” (Edição Caeté, Maceió, 1952.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
PAULO LOPES
Cor da tragédia
—sua fantasia
naquela noite.
A névoa do seu colo
—um grito de sexo
que se perdia.
E nos meus olhos
ainda agora
um arroio de sonhos.
ATALAIA
Cidade Alta:
Nos sinos mudos da tua igreja
corujas soturnas piam:
e no abandono das sombras
os gestos parados dos santos
abafam o rumor dos meus passos.
Caminho. Os morcegos voam.
Piso os mármores encardidos;
em cada lage uma cruz
guarnecendo não mais ossos,
não mais pó.
—Apenas s pompa dos nomes.
Cidade Alta:
Muros caídos.
Casas carcomidas
pelas noites do tempo;
biqueiras coloniais.
Evocações. Fantasmas histéricos.
Vejo negros açoitados nos troncos;
gargalhadas dos brancos Senhores.
Tocaias nas ladeiras. Calabouços.
A luta da rua da Táboas:
o padre ferido, morto;
mulheres de seios decepados;
e na barba patriarcal do chefe
manchas de sangue do invasor que fugius.
Cidade Alta:
Vejo cavalos louco correrem.
Zabumbas. Pífanos. Foguetes.
A argola ferida pela lança medieval
—fitas no peito do cavaleiro.
Gritos. Gargalhadas. Vozes roucas
—vermelho...
—azul...
Panos de chita voando como bandeiras.
Cidade Alta:
Abraço as tuas gêmeas palmeiras imperiais,
elas acenam para as donzelas
de cabelos compridos
debruçadas nos janelões.
As moças sorrindo, suspiram
e fixam os olhos negros
numa lua inexistente.we
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Página publicada em junho de 2021
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